28 de mar. de 2008





Ah, a saudade...
...corta,desmancha,
apavora,entristece,cala.
Não existe remédio prá saudade.

Pati K

Esta Saudade























J.G. de Araújo Jorge

"Esta saudade és tu.. . E é toda feita
de ti, dos teus cabelos, dos teus olhos
que permanecem como estrelas vagas:
dois anseios de amor, coagulados.

Esta saudade és tu ... É esse teu jeito
de pomba mansa nos meus braços quieta;
é a tua voz tecida de silêncio
nas palavras de amor que ainda sussurram.

Esta saudade são teus seios brancos;
tuas carícias que ainda estão comigo
deixando insones todos os sentidos.

Esta saudade és tu ... É a tua falta
viva, em meu corpo, na minha alma, viva,...
enquanto eu morro no meu pensamento."


Prá minha amiga Rosani,que adora lua....

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha


Florbela Espanca


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,

A essa hora dos mágicos cansaços,

Quando a noite de manso se avizinha,

E me prendesses toda nos teus braços...


Quando me lembra: esse sabor que tinha

A tua boca... o eco dos teus passos...

O teu riso de fonte... os teus abraços...

Os teus beijos... a tua mão na minha...


Se tu viesses quando, linda e louca,

Traça as linhas dulcíssimas dum beijo

E é de seda vermelha e canta e ri


E é como um cravo ao sol a minha boca...

Quando os olhos se me cerram de desejo...

E os meus braços se estendem para ti...

20 de mar. de 2008

O coelho é o símbolo da fertilidade,da vida e do renascimento.
Usado na Páscoa para simbolizar o renascimento de Jesus,assim como o ovo,
também sinal de vida, renascimento.
Que nós deixemos JESUS morar no nosso coração,
fazer parte da nossa vida...ou melhor,
fazer a nossa VIDA,pois sem Ele,não temos vida plena,
nem pureza de alma.




Canção de Outono



-Mário Quintana-

O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
de carícia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colhe as horas, em suma...
mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte alguma!

Ele chegou...o Outono





Hoje o outono chegou,com ares novos.

Ele chegou às 2h48min.Nesse exato momento,os hemisférios Norte e Sul receberam a mesma quantidade de energia vinda do Sol.A noite e o dia tinham o mesmo tamanho.

Era madrugada e, muitos nem perceberam que deixamos para trás o verão para dar boas-vindas ao outono. Daqui para frente,passaremos a receber menos energia a cada dia. Nossas noites se tornarão cada vez maiores,até o momento em q ocorrer o solstício de inverno,em 20 de junho.Então teremos a noite mais longa do inverno.


Texto de Cátia Valente/Meteorologista

19 de mar. de 2008


O que posso desejar para hoje?
Que as verdadeiras amizades continuem eternas
e tenham sempre um lugar especial em nossos corações.
Que as lágrimas sejam poucas, e logo superadas.
Que as alegrias estejam sempre presentes.
e sejam festejadas por todos.
Que o carinho seja parte de nossa vida.
Que os corações estejam sempre abertos para novas amizades,
novos amores, novas conquistas.
Que Deus, esteja sempre com sua mão estendida,apontando o caminho correto.
Que as coisas pequenas como a inveja ou o desamor,sejam retiradas de nossa vida.
Que aquele que necessite ajuda encontre sempre em nós uma animadora palavra amiga.
Que a verdade sempre esteja acima de tudo.
Que o perdão e a compreensão superem as amarguras e as desavenças.
Que este nosso pequeno mundo virtual seja cada vez mais humano.
Que tudo o que sonhamos se transforme em realidade.
Que o Amor pelo próximo seja nossa meta absoluta.
Que nossa jornada de hoje esteja repleta de flores.

Feliz Páscoa
Achei linda a mensagem,mas sem autoria.Faço minhas as palavras dela.

17 de mar. de 2008




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Recebi um PPS por email, com suposta Carta de Gabriel Garcia Marques,um texto de despedida lindíssimo que resolvi postar aqui.

Mas ao procurá-lo na internet,vi q havia comentários de q não fosse do autor em questão.

Vou reproduzir o texto,que não deixa de ser belíssimo,com alguns comentários q achei.


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Carta aos amigos

Gabriel Garcia Márquez


"Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse um fragmento de vida, possivelmente não diria tudo o que penso,mas em definitivo pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem, senão pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais,entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.Andaria quando os demais se detêm, despertaria quando os demais dormem.
Escutaria quando os demais falam, e como desfrutaria um bom sorvete de chocolate!

SeDeus me obsequiasse um fragmento de vida, vestiria simples, me atiraria de bruços ao sol, deixando descoberto, não somente meu corpo, senão minha alma.Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo, esperaria que saísse o sol.
Pintaria com um sonho de Van Gogh ,sobre as estrelas um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que lhes ofereceria à lua. Regaria com minhas lágrimas as rosas, para sentir a dor de seus espinhos, e o encarnado beijo de suas pétalas...
Deus meu, se eu tivesse um fragmento de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer as pessoas que quero, que as quero. Convenceria a cada mulher ou homem de que são meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens lhes provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam de enamorar-se quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de enamorar-se!

À criança, lhe daria asas,porém lhe deixaria que sozinha aprendesse a voar.
Aos velhos, lhes ensinaria que a morte não chega com a velhice, senão com o esquecimento.

Tantas coisas tenho aprendido de vocês, os homens... Tenho aprendido que todo o mundo quer viver no topo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Tenho aprendido que quando um recém nascido aperta com seu pequeno punho, pela primeira vez, o dedo do pai, o tem apanhado para sempre. Tenho aprendido que um homem só tem o direito de olhar a outro com o olhar baixo quando há de ajudar-lhe a levantar-se.

São tantas coisas as que tenho podido aprender de vocês, porém realmente de muito não haverão de servir, porque quando me guardarem dentro dessa mala, infelizmente estarei morrendo"




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A falsa despedida de Gabriel Garcia Márquez
14/Fevereiro/2006
Si por un instante Dios se olvidara de que soy una marioneta de trapo y me regalara un trozo de vida, posiblemente no diría todo lo que pienso, pero en definitiva pensaría todo lo que digo."



Um texto que circula na Internet – uma carta de despedida de Gabriel Garcia Márquez aos seus amigos – é falso. Aquilo que é conhecido pela expressão inglesa hoax. No texto, o escritor afirma sofrer de um cancro linfático e escreve um poema de despedida aos amigos. (Ele nunca escreveu nenhum poema, que eu saiba). Mas aquilo comoveu milhares de pessoas, que inundaram todos os sites e blogues onde foi publicado com profundas manifestações de pesar e carinho pelo escritor.Quem não achou muita graça foi o próprio Garcia Márquez, que leu o poema e comentou: “Mais valia morrer com um cancro linfático do que ter escrito uma carta de despedida daquelas”.A carta é bonita, mas pouco tem a ver com o que já li de Garcia Márquez. É demasiado sentimental, um bocado piegas, até, demasiado adjectivada. Márquez é contido no uso de adjectivos. Foi durante muitos anos jornalista e isso, acredite-se ou não, molda a escrita das pessoas. Uma leitura mais apressada – ainda por cima em castelhano – pode levar algumas pessoas ao engano.O engraçado é que esta brincadeira já tem barbas – e, mesmo assim, voltou a pegar. O texto – o título original é La Marioneta – foi escrito em 1999 e, logo aí, atribuído a Márquez: estava a morrer e aquela era a sua carta de despedida. De facto, nesse ano, o escritor dera entrada num hospital de Bogotá com sintomas que, a princípio, se supunham ser provocados por esgotamento físico mas que, afinal, tinham origem num cancro linfático. Acontece que o escritor reagiu bem aos tratamentos e acabou por sair do hospital em franca recuperação. Continua vivo.Quem foi, afinal, o autor do texto? Segundo o investigador Raúl Trejo Delabre, foi escrito por um ventríloquo mexicano chamado Johnny Welch como parte de um espectáculo da sua marioneta “El Mofles”. Depois foi o que se sabe: alguém terá pensado que uma marioneta não era suficiente…


Enviado por Marco e arquivado na categoria Cromos.




(Não consegui descobrir a autoria do comentário acima,estava num blog português,e o dono do blog,escondido.rssss)




Outro comentário....segundo a "Crônica do falso adeus" de Orlando Maretti, "Gabriel García Márquez, ou Gabo, para os amigos, ... não apenas negou, pela imprensa, que estivesse em estado terminal como também espinafrou a pieguice do texto e seu autor, identificando-o como um subliterato latino-americano. Em recente entrevista ao jornal espanhol El País, o escritor colombiano lamenta a repercussão do texto."
Orlando Maretti acrescenta: "...a primeira pista para duvidar da autoria é a insistência na citação vocativa de Deus. Pelo que se sabe, García Márquez é um escritor de esquerda, simpatizante do marxismo, amigo de Fidel Castro, militante de causas sociais. Enfim, um humanista engajado, mas nem de longe seu perfil lembra um religioso."





De tudo isto vale a máxima...não confie em tudo q lê.Aqui na internet muita coisa é falsa,já vi muitos pps errados,com poemas e autorias erradas,uma pena.Existe um texto,Navegue,de autoria de Silvana Duboc que é atribuído a Luis Fernando Veríssimo e até a Fernando Pessoa.Existe um texto de Paulo Sant'Ana que é atribuido a Vinicius de Morais. Já li Martha Medeiros reclamando de publicarem textos seus sem a devida autoria.

Cuidado,pessoal.Respeitem os autores e se possível,certifiquem-se da autoria dos textos menos conhecidos.Os autores agradecem.








16 de mar. de 2008

Ao coração que sofre





Olavo Bilac


Ao coração que sofre, separado

Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,

Não basta o afeto simples e sagrado

Com que das desventuras me protejo.


Não me basta saber que sou amado,

Nem só desejo o teu amor: desejo

Ter nos braços teu corpo delicado,

Ter na boca a doçura de teu beijo.


E as justas ambições que me consomem

Não me envergonham: pois maior baixeza

Não há que a terra pelo céu trocar;


E mais eleva o coração de um homem

Ser de homem sempre e, na maior pureza,

Ficar na terra e humanamente amar.



Resumo biográfico de Olavo Bilac


Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu a 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro. Faleceu em 28 de dezembro de 1918, na mesma cidade. Fez o Curso de Humanidades no Colégio do Padre Belmonte. Cursou a contra-gosto a Faculdade de Medicina, que abandonou no 5º ano, para matricular-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde esteve somente um ano. Foi jornalista, poeta, crítico, orador, ocupando ainda o honroso cargo de secretário do Congresso Pan-Americano, em Buenos Aires. Durante toda sua vida foi um boêmio inveterado, não se responsabilizando de forma alguma pelos encargos fixos que conseguia. Como poeta é que se notabilizou pois, filiando-se à Escola Parnasiana que então começava a se esboçar, soube setornar um de seus principais expoentes, dada a impecabilidade da forma de seus versos, aliada à "efusiva comoção da sensualidade tropical" (Afrânio Peixoto). Versejou por necessidade de alma e espírito, saindo suas composições literárias espontaneamente de sua pena.

Quando a morte se aproximava, exclamou agonizante : "- Amanhece... Vou escrever ! "
Lendo 1808, de Laurentino Gomes.

Orelha do livro:

D.João VI foi o único soberano europeu a colocar os pés em terras americanas em mais de 4 séculos,e foi quem transformou uma colônia em país independente.
No entanto,seu reinado no Brasil padece de uma relativo esquecimento e quando lembrado,é tratado de forma caricata ,como no filme de Carla Camurati,Carlota Joaquina.
Mas o Brasil de D.João VI não se resume a graçolas.A fuga da família real para o Rio de janeiro ocorreu num dos momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil,de Portugal e do mundo.
O propósito deste livro,resultado de dez anos de investigação jornalística,é resgatar e contar de forma acessível a história da corte portuguesa no Brasil e tentar devolver seus protagonistas à dimensão mais correta possível dos papéis que desempenharam duzentos anos atrás.Como se verá,nos capítulos adiante,esses personagens podem ser sim,inacreditavelmente caricatos,mas isso é algo que se poderia dizer de todos os que se seguiram,inclusive alguns muito atuais.

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Estou adorando,mas qual livro não adoro?Raramente dou de cara com algum livro do qual não se aproveita nada...trago a leitura entranhada em mim,desde pequena,preciso de livros como preciso do ar que respiro e das fatias de torta que como...rsss...viciada em livros e viciada em doces...rica e doida mistura...

14 de mar. de 2008


Em homenagem ao Dia da Poesia,um dos maoires,senão o maior poeta brasileiro contemporâneo:
Carlos Drummond de Andrade/Aparição Amorosa


Doce fantasma, por que me visitas
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
Tua transparência roça-me a pele, convida
a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca
um beijo recebeu de rosto consumido.

Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz,mesma voz, mesmo timbre,
mesmas leves sílabas,
e aquele mesmo longo arquejo
em que te esvaías de prazer,
e nosso final descanso de camurça.

Então, convicto,
ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve
e continua existindo, puro som.
Aperto... o quê? a massa de ar em que te converteste
e beijo, beijo intensamente o nada.
Amado ser destruído, por que voltas
e és tão real assim tão ilusório?
Já nem distingo mais se és sombra
ou sombra sempre foste, e nossa história
invenção de livro soletrado
sob pestanas sonolentas.
Terei um dia conhecido
teu vero corpo como hoje o sei
de enlaçar o vapor como se enlaça
uma idéia platônica no espaço?

O desejo perdura em ti que já não és,
querida ausente, a perseguir-me, suave?
Nunca pensei que os mortos
o mesmo ardor tivessem de outros dias
e no-lo transmitissem com chupadas
de fogo aceso e gelo matizados.

Tua visita ardente me consola.
Tua visita ardente me desola.
Tua visita, apenas uma esmola.



13 de mar. de 2008



Lindo seria pensar...

que em um outro lugar tem alguém olhando para a mesma lua e sentindo as mesmas saudades...... que tem alguém olhando para as estrelas e sonhando viver o mesmo fervor..... que tem alguém sentindo o mesmo frescor da noite e ansiando por um abraço apertado ,cheio,inundado de ternura,um abraço que é o começo e o fim de tudo...

...dois espíritos em comunhão plenos de amor. Lindo seria...Pati K

Mudam-se os tempos


Luis Vaz de Camões(1524/1580)






Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.



Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.


O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.


E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

O fim da solidão







Augusto Frederico Schmidt(1906/1965)

A borboleta amarela e preta
Se agitava, dançava, tremia
Em torno do ser esguio, mortificado
Pelo frio do mundo.

Era já na hora indecisa, mas um sol
Retardatário manchava de ouro o chão sombrio.

Revejo a face escura e pálida
Manchada pelo líquen, pelo pó
Das velhas folhas.

Revejo o olhar inocente e duro
Subitamente surpreendido pela ternura,
O olhar prisioneiro do tempo cruel,
Tocado pelo amor, animado pelo espanto do amor,
O olhar de fugitivo do abandonado,
De repente vencido pela certeza de que
Findara sua longa solidão.

11 de mar. de 2008

Sem Alma



Encerrei
dentro do coração
o meu sonho dourado,
despedaçado.
E à luz crua
me vi nua,
sem calma,
sem alma,
buscando somente,
o brilho da lua,
na sala escura.

Recanto demente,
de vida carente.
Pati K

Escreve-me...


(Florbela Espanca )



Escreve-me!Ainda que seja só

Uma palavra, uma palavra apenas,

Suave como o teu nome e casta

Como um perfume casto d'açucenas!



Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo

Que te não vejo, amor!Meu coração

Morreu já,e no mundo aos pobres mortos

Ninguém nega uma frase d'oração!



"Amo-te!"Cinco letras pequeninas,

Folhas leves e tenras de boninas,

Um poema d'amor e felicidade!



Não queres mandar-me esta palavra apenas?

Olha, manda então...brandas...serenas...

Cinco pétalas roxas de saudade...

Segue o teu Destino



Ricardo Reis(um dos heteronômios de Fernando Pessoa)



Segue o teu destino,

Rega as tuas plantas,

Ama as tuas rosas.

O resto é a sombra

De árvores alheias.

A realidade

Sempre é mais ou menos

Do que nós queremos.

Só nós somos sempre

Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.

Grande e nobre é sempre

Viver simplesmente.

Deixa a dor nas aras

Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.

Nunca a interrogues.

Ela nada pode

Dizer-te.

A resposta

Está além dos deuses.

Mas serenamente

Imita o

Olimpo

No teu coração.

Os deuses são deuses

Porque não se pensam.

9 de mar. de 2008

Dê-me tua mão agora


Rivkah Cohen

Não é amanhã
quando tiver tempo,
não é daqui a pouco
quando talvez nem alcance mais...
Preciso dela agora!
Agora que meu coração chora
e não estou me sentindo capaz!

Livros por ler,numa pilha,esperando...conformados,num canto:


A Capital da Solidão-Roberto Pompeo de Toledo

Do amor-Stendhal

Ecce Homo-Nietzsche

o Segredo-Rhonda Byrne

Diários de um Repórter-Flávio Alcaraz Gomes

Como eu não possuo







Mário de Sá-Carneiro

Olho em volta de mim. Todos possuem
-Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem

E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria

Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas a minh'alma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei... perco-me todo...

Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
Falta-me unção p'ra me afundar no lodo.

Não sou amigo de ninguém. P'ra o ser

Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse - ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!...

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...

Desejo errado... Se a tivera um dia,

Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim - ó ânsia! - eu a teria...

Eu vibraria só agonizante

Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,

E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.

8 de mar. de 2008

Canção em Campo Vasto

(Lya Luft)
"Deixa-me amar-te com ternura,tanto
que nossas solidões se unam,
e cada um falando em sua margem
possa escutar o próprio canto.
Deixa-me amar-te com loucura,ambos
cavalgando mares impossíveis
em frágeis barcos e insuficientes velas,
pois disso se fará a nossa voz.
Ajuda-me a amar-te sem receio:
a solidão é um campo muito vasto
que não se deve atravessar a sós."

Mulher

(Arnaldo Jabor )

Ainda nos meus tempos de graduação em jornalismo na Uerj, fui assistir a uma palestra do fotógrafo André Arruda, que foi do JB, Globo e trabalhava, entre outras coisas, com moda. Em determinado momento da palestra ele relatava a sua experiência em fotografar nu artístico e soltou a seguinte frase: "para fotografar nu feminino é preciso gostar de mulher". Eu sorri, porque na minha cabeça aquilo parecia meio óbvio, mas antes que qualquer um fizesse algum comentário ele completou: Não se trata de gostar de mulher no sentido sexual, ter tesão por mulher nua, essas coisas. Isso pode ter também. Mas se trata de gostar de mulher em um sentido mais profundo. Gostar do universo feminino. Observar que cada calcinha é única, tem uma rendinha diferente e ficar entretido com isso, afirmou. O fato é que eu concordo com o conceito do Arruda sobre gostar de mulher. Não basta ser heterossexual. Para gostar de verdade de uma mulher são necessários outros requisitos que são raros. Por isso a mulherada anda tão insatisfeita. Sensibilidade é fundamental. Paciência também. O homem que não tem paciência para escutar a necessidade que a mulher tem de falar, ou sensibilidade para cativá-la a cada dia, não gosta de mulher. Pode gostar de sexo com mulher. O que é bem diferente. Gostar de mulher é ir além, é penetrar em seu universo, se deliciar com o modo com que ela conta todo o seu dia, minuto por minuto, quando chega do trabalho. Ficar admirando seu corpo, ser um verdadeiro devoto do corpo feminino, as curvas, o cabelo, seios. Mas também cultuar a sagacidade feminina, sua intuição, admirar seu sorriso que é muito mais espontâneo que o nosso. Gostar de mulher é querer fazer a mulher feliz. Levar flores no trabalho sem nenhum motivo a não ser o de ver seu sorriso. É escutar pacientemente todas as queixas da chefe rabugenta, que provavelmente é assim porque seu homem não gosta de mulher.
O homem que gosta de mulher não está preocupado em quantas mulheres ele comeu durante a vida, mas sim com a qualidade do sexo que teve. Quantas mulheres ele realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas, amadas, únicas, deusas, na cama e na vida. O homem que gosta de mulher não come mulher. Ele penetra não só no corpo mas na alma, respirando, sentindo,amando cada pedacinho do corpo, e, é claro, da personalidade. "Para viver um grande amor é necessário ser de sua dama por inteiro", afirmou Vinícius de Moraes no poema; Para viver um grande amor. Para amar verdadeiramente uma mulher o homem deve ser totalmente fiel, traí-la, jamais. Amá-la até a raiz dos cabelos. Admirá-la, se deixar apaixonar todo dia pelo seu sorriso ao despertar e principalmente conquistá-la, seduzi-la, como se fosse à primeira vez. O homem que não tem paciência, nem tesão, nem competência para lhe seduzir várias e várias vezes, esse, minha amiga, não se iluda, não gosta nem um pouco de mulher. Conquistar o corpo e a alma de uma mulher é algo tão gratificante, que tem que ser tentado várias vezes. Só que alguns homens, os que não gostam de mulher, querem conquistar várias mulheres. Os que gostam de mulher, são aqueles que conquistam várias vezes a mesma mulher.E isso nos gratifica, nos fortalece e nos dá uma nova dimensão.
A dimensão da poesia, do amor e em última instância do impenetrável universo feminino. Mas atenção amigos que gostam de mulher: gostar de mulher e penetrar em seu universo, não é torná-las cativas, e sim libertá-las, admirá-las em sua insuperável liberdade. Uma das músicas com que mais me identifico é uma em inglês, É a Have you really loved a woman. É do cantor Bryan Adams. A música foi tema do filme Don Juan de Marco, e em uma tradução livre quer dizer "você já amou realmente uma mulher?". Em toda a música o cantor fala sobre a necessidade de se conhecer os pensamentos femininos, sonhos, dá-la apoio, para amar realmente uma mulher. Essa música é perfeita. Como se vê, gostar de comer mulher é fácil. Agora gostar de mulher é dificílimo. Precisa ser macho de verdade para isso. Quem se habilita?
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Pode existir homenagem melhor às mulheres do que essas palavras do genial Jabor?
Quem dera todos os homens pensassem assim...

5 de mar. de 2008

Um Anjo que Ama


Sou como um anjo,sem asa e sem casa.
Que tenta voar e não voa
que tenta correr e não pode
que tenta amar e não sabe
que tenta viver e não morrer
que sofre por pensar em te perder.
Sou como um anjo apaixonado,
às vezes jogado e sofrendo ,
por não estar ao teu lado.
Fico chorando e tentando entender
porque cada dia não consigo viver
contigo um amor de morrer.
Sou como um anjo caído,ferido,que tenho sofrido
Sou como um anjo,jogado aos teus braços
que vive de laços e amassos.
Sou como um anjo que tem acesa a chama
e que ainda te ama.
RG

Um poema lindo de um lindo amigo meu.Ele sabe q mora no meu coração.

Canção da Estrela Murmurante

(Lya Luft)

"Nós nos amaremos docemente,

nesta luz,neste encanto,neste medo:

nós nos amaremos livremente

no dia marcado pelos deuses.


Nós nos amaremos com verdade

porque estas almas já se conheciam:

nós nos amaremos para sempre

além da concreta realidade.


Nós nos amaremos lindamente,

nós nos amaremos como poucos,

nós nos amaremos

no seu tempo."


Antes de partir

Martha Medeiros) Coluna de ZH de hj.

"Um filme cujos protagonistas são Jack Nicholson e Morgan Freeman, com diálogos bem construídos e um humor inteligente (mesmo tratando de um assunto difícil como a finitude da vida) já entra em cartaz com vantagem, mesmo que o roteiro não seja lá muito surpreendente. Antes de Partir não é mesmo surpreendente, mas isso também pode ser uma coisa boa. Ficamos sempre correndo atrás de fórmulas novas quando deveríamos nos dedicar mais a reforçar certas verdades. E a verdade do filme, se pudesse ser resumida numa frase, seria: aproveite o tempo que lhe resta. Nada que você já não tenha escutado mil vezes. Nicholson e Freeman interpretam dois sessentões que descobrem estar com uma doença terminal. Os prognósticos apontam seis meses de vida para cada um, no máximo um ano. E agora? Esperar a extrema-unção numa cama de hospital ou buscar a extrema excitação?Sem piscar, eles aventuram-se pelo mundo praticando esportes radicais, conhecendo lugares exóticos, desfrutando todos os prazeres de uma vida bem vivida - claro que um deles é milionário e banca tudo, detalhe que nos falta na hora de pensar em fazer o mesmo. Você não pensa em fazer o mesmo? Você, eu e mais 6 bilhões de homens e mulheres também estamos com a sentença decretada, só não sabemos o dia e a hora. Está certo que é morbidez pensar sobre isso quando se é muito moço, mas alcançando uma certa maturidade, já dá pra parar de se iludir com a vida eterna, amém. Com dinheiro ou sem dinheiro, faça valer a sua passagem por aqui. Não sei se você percebeu, mas viver é nossa única opção real. Antes de nascermos, era o nada. Depois, virá mais uma infinidade de nada. Essa merrequinha de tempo entre dois nadas é um presentaço. Não seja maluco de desperdiçar. Ok, quantos de nós podem sair amanhã para um safári na África, para um tour pelas pirâmides do Egito, para um jantar num restaurante cinco estrelas na França? Ou teria coragem de saltar de pára-quedas e pisar fundo num carro de corrida numa pista em Indianápolis? Se não temos grana nem dublês, então que a gente se divirta com outro tipo de emoção, que o filme, aliás, também recomenda.Reconheçamos o básico: uma vida sem amigos é uma vida vazia. O mundo é muito maior que a sala e a cozinha do nosso apartamento. A arte proporciona um sem-número de viagens essenciais para o espírito. Amar é disparado a coisa mais importante que existe. Que mais? Desmediocrize sua vida. Procure seus "desaparecidos", resgate seus afetos. Aprenda com quem tiver algo a ensinar, e ensine algo àqueles que estão engessados em suas teses de certo e errado. Troque experiências, troque risadas, troque carícias. Não é preciso chegar num momento limite para se dar conta disso. O enfrentamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouco todos os dias, e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir.

4 de mar. de 2008

Canção Romântica





"Quando eu morrer(antes de ti) não sei se ainda

vou sentir a tua mão na minha,o fogo

da tua vida fundido com o meu.

Mas mesmo assim,estejas tu distante numa rota alheia,

sei que estarás comigo neste instante,

mão na mão,boca na boca, colhendo

não um último suspiro,mas um beijo

inaugural,a selar esse destino nosso:

livres das coisas banais e das humanas tramas,

seremos,por isso mesmo,imortais."

Lya Luft





Este poema dedico à minha amiga Magale, que adorou Lya Luft e vive a

suspirar nos cantos da sala(não pelos poemas ,ela bem sabe porque)...rssss
(Virginia Wolf em 1928)
(...)Disse-lhes, no transcorrer deste ensaio, que Shakespeare teve uma irmã; mas não procurem por ela na vida do poeta escrita por Sir Sidney Lee. Ela morreu jovem - ai de nós! Não escreveu uma só palavra. Ela está enterrada onde os ônibus param agora, em frente ao Elephant and Castle. Pois bem, minha crença é que essa poetisa que nunca escreveu uma palavra e que foi enterrada numa encruzilhada ainda vive. Ela vive em vocês e em mim, e em muitas outras mulheres que não estão aqui esta noite, porque estão lavando a louça e pondo os filhos para dormir. Mas ela vive; pois os grandes poetas nunca morrem, são presenças contínuas, precisam apenas da oportunidade de andarem entre nós em carne e osso. Essa oportunidade, segundo penso, começa agora a ficar a seu alcance conferir-lhe. Pois minha crença é que, se vivermos aproximadamente mais um século - e estou falando na vida comum que é a vida real, e não nas vidinhas à parte que vivemos individualmente - e tivermos, cada uma, quinhentas libras por ano e o próprio quarto; se tivermos o hábito da liberdade e a coragem de escrever exatamente o que pensamos; se fugirmos um pouco da sala de estar comum e virmos os seres humanos nem sempre em sua relação uns com os outros, mas em relação à realidade, e tb o céu e as árvores ou o que quer que seja, como são; se olharmos mais além do espectro de Milton, pois nenhum ser humano deve tapar o horizonte, se encararmos o fato de que não há nenhum braço em que nos apoiarmos, mas que seguimos sozinhas e que nossa relação é para com o mundo da realidade e não apenas para com o mundo dos homens e das mulheres, então chegará a oportunidade, e o poeta morto que foi a irmã de Shakespeare assumirá o corpo que com tanta freqüência deitou por terra. Extraindo sua vida das vidas das desconhecidas que foram suas precursoras, como antes fez seu irmão, ela nascerá. Quanto a ela chegar sem essa preparação, sem esse esforço de nossa parte, sem essa determinação de que, quando nascer novamente, ela achará possível viver e escrever sua poesia, isso não podemos esperar, pois isso seria impossível. Mas afirmo que ela viria se trabalhássemos por ela, e que trabalhar assim, mesmo na pobreza e na obscuridade, vale a pena.

3 de mar. de 2008

Amigos


"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, como o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências.
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar!
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E as vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, trêmulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu oro pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha oração é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo!!! Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!"
Paulo Sant'ana



Fazendo justiça ao ilustre cronista gaúcho,que publicou esta crônica há muitos anos atrás e foi inclusive publicada em um livro dele,"O idiota".Crônica/poesia que circula indevidamente na internet como sendo de autoria de Vinicius de Morais.