4 de set. de 2013

Amor mais que imperfeito



( Thiago de Mello )


"Não do amor. De mim duvido.
Do jeito mais que imperfeito
que ainda tenho de amar.

Com frequência reconheço
a minha mão escondida
dentro da mão que recebe
a rosa de amor que dou.

Espiando o meu próprio olhar,
escondido atrás estou
dos olhos com que me vês.
Comigo mesmo reparto
o que pretende ser dádiva,
mas de mim não se desprende.

Por mais que me prolongue
no ser que me reparte,
de repente me sinto
o dono da alegria
que estremece a pele
e faz nascer luas
no corpo que abraço.

Não do amor. De mim duvido
quando no centro mais claro
da ternura que te invento
engasto um gosto de preço.
Mesmo sabendo que o prêmio
do amor é apenas amar."

31 de ago. de 2013

Coração é terra que ninguém vê





(Cora Coralina)

"Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.
Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.
Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão
Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei..."

Mulher




(Adalgisa Nery)

Na face, a geografia da angústia,
Dos pânicos e das medrosas alegrias.
Cada ruga é um presságio.
E auréola da aflição constante
O esplendor dos cabelos brancos.

Uma só raiz para frutos diversos,
Uma só vida para destinos tão complexos,
Um só pranto para dores tão diversas.

O útero que gera o herói, o sábio, o poeta,
O santo, o miserável e o assassino.
Uma só raiz para frutos tão diversos!

O dom da paz em cada gesto
Cai como noites quietas
Sobre a alma em rancor,
Amor acima do amor.

5 de mai. de 2013

Para mim mesma



(Cecilia Meireles)

"Para meus olhos, quando chorarem,
terem belezas mansas de brumas,
que na penumbra se evaporarem...

Para meus olhos, quando chorarem,
terem doçuras de almas e plumas...

E as noites mudas de desencanto
se constelarem, se iluminarem
como os astros mortos, que vêm no pranto...

As noites mudas de desencanto...
Para meus olhos quando chorarem...

Para meus olhos, quando chorarem,
terem divinas solicitudes
pelos que mais se sacrificarem...

Para meus olhos, quando chorarem,
verterem flores sobre os paludes...

Para que os olhos dos pecadores
que os homens humilharem, que os maltratarem
tenham carinhos consoladores,

Se, em qualquer noite de ânsias e dores,
os olhos tristes dos pecadores
para os meus olhos se levantarem..."

Eternidade inútil




                                            Tela- Garmash                          (Cecilia Meireles)

"Até morrer estarei enamorada
de coisas impossíveis:

tudo que invento, apenas,
e dura menos que eu,
que chega e passa.

Não chorarei minha triste brevidade
unicamente a alheia,
a esperança plantada em tristes dunas,
em vento, em nuvens, n'água.

A pronta decadência,
a fuga súbita
de cada coisa amada.

O amor sozinho vagava.
Sem mais nada além de mim...
numa eternidade inútil."

25 de jan. de 2013

Últimas bolachinhas que fiz...estão no blog Biscoitos Finos Decorados- http://biscoitosfinosdecorados.blogspot.com.br/


16 de jan. de 2013


Tela- Garmash
    


(Sophia de Mello Breyner Andresen)


"As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim."


                                           Tela- Edward Cucuel

(Sophia de Mello Breyner Andresen) 


"Altas marés no tumulto me ressoam
E paredes de silêncio me refletem".

13 de jan. de 2013

                                                                                    Tela-Volegov

***
( Miriam Reyes )
"diluída no quotidiano
fujo tão lentamente que
parece que fico."
Outra dica pra quem gosta de história -
1565-Enquanto o Brasil Nascia de Pedro Doria

Ótimo livro sobre a formação das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com relatos da época colonial.


http://veja.abril.com.br/blog/imperdivel/livros/1565-enquanto-o-brasil-nascia/