20 de nov. de 2007

Seda



O toque familiar
de seda do teu olhar
despertou demônios,
contidos à custo
na clausura do meu sonhar.
Te acompanhei
sem hesitar
sem temer
sem questionar
amando te beijar
sonhando acreditar
que tu eras meu enfim,
sem mais nada almejar.
Eu e tu,
desejo ardente
nós dois apaixonados,
em rumo ignorado
ditado pelo delirio
do amor alucinado.
O fim,
no meio ,quem sabe...
amargo despertar
só ruínas a lamentar
e sonhos a sepultar.

Pati K

O Coração Sangra




No coração...
cada pequeno recesso cheio de lembranças
da ternura do teu olhar, do carinho do teu amar
da fome do teu desejo da ânsia dessa paixão,
compartilhada,enlouquecida,
soterrada,vencida,
acabada.


O coração sangra,
preso,
naquele instante único
onde espaço e tempo não se encontram,
que ficou para trás,
gravado na memória.


O coração sangra...
pelas cicatrizes nele deixadas,
pela dor dele arrancada,
pelo eco interminável
desse sonho inacabado.


Ainda agora...
quando o tempo corre e a vida passa,
o coração sangra...
sem rumo,dilacerado, pelo amor rejeitado,
por amor,desesperado.


Naquele instante único, no passado,
o coração...

Pati K
(Silvana Duboc)
Salve nós dois de qualquer coisa que possa acontecer,
salve o meu gostar e o teu querer.
Minhas forças terminaram,
minhas emoções se desgastaram.
Agora é a sua vez de sustentar o que,
nas costas, eu cansei de carregar.
Salve a dor que vou ter que suportar quando você se ausentar.
Agora é a sua vez de provar
que eu não passei na sua vida como uma chuva de verão
e nem que fui uma meia estação.
Lute pelo que ainda pode restar,
lute até não aguentar,e tente de todas as formas nos salvar.

19 de nov. de 2007

Tomara

(Vinicius de Morais)

Tomara que você volte depressa
que você não se despeça nunca mais do meu carinho
E volte, se arrependa e pense muito que é melhor se sofrer junto
que viver feliz sozinho
Tomara que a tristeza te convença
que a saudade não compensa e que a ausência não dá pé
Que o verdadeiro amor de quem se ama
tece a mesma antiga trama e não se desfaz
Que a coisa mais bonita desse mundo é viver
cada segundo como nunca mais.
Um dia, a tempestade vai acabar , a tristeza vai embora e eu e você vamos nos encontrar.De novo.Como estava escrito nas estrelas...na lua que iluminou nosso caminho...no sol que aqueceu nossos planos.O sonho vai se tornar realidade na esquina do tempo,deixando as mágoas para trás ,trazendo a esperança de volta para brilhar nos meus olhos e nos teus...dissolvendo os males que trouxeram sofrimento num lampejo entristecido e lavando a ausência da tua presença num clarão.

Pati K

Memórias

Pode o mundo duvidar,
mas o meu amor te acompanha
no silêncio da noite,
nas sombras da penumbra,
no teu recanto de paz.
É um toque de veludo ,
um beijo pousado na face...
Beijo de sonho,arrancado da alma,
sonho e desejo
de um passado que espreita
melancólico,
esperando,agonizante
sorver, de novo,
teu sorriso e teu olhar...
para sempre meus,
aprisionados,
naquele instante que vivemos juntos.
Teus sonhos são meus.
Tempo não existe,só você em mim.
Pati K



"Saudade é amar um passado que ainda não passou,é recusar um presente que nos machuca e não ver o futuro que nos convida."
(Pablo Neruda)

1 de nov. de 2007

A Vida

Florbela Espanca

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo ,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Intenso Brilho


Adélia Prado


É impossível no mundo

estarmos juntos

ainda que do meu lado adormecesses.

O véu que protege a vida

nos separa.

O véu que protege a vida

nos protege.

Aproveita,

pois,

que é tudo branco agora,

à boca do precipício,

neste vórtice

e fala

nesta clareira aberta pela insônia

quero ouvir tua alma

a que mora na garganta

como em túmulos

esperando a hora da ressurreição,

falar meu nome

antes que eu retorne

ao dia pleno,

à semi-escuridão.




Poema 7

Pablo Neruda

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche esta estrellada,

y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.

La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.

Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.

Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.

La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.

Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.

Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.

Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.

Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.

Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.

Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,

mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,

y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.