12 de jan. de 2010

Vertigem

(Torquato da Luz)

Chegaste quando já desesperava
de te ver chegar.
Há mil anos sentado à soleira,
todos os sons, todos os cheiros,
ainda os mais longínquos, os mais ténues,
me falavam de ti.

Era o ronco dos motores,
o marulho das ondas,
o silvo dos navios,
o apito das traineiras,
o pio cruzado das gaivotas,
o cantochão das cigarras.

Era o odor dos frutos
derreando as árvores
e o estalido dos ramos secos
sucumbindo ao calor da tarde.

Era tudo pronto, enfim,
para a vertigem
de eu gostar de ti.

Um comentário:

Uma aprendiz disse...

Selecionei dois poemas, do meu blog "Mulher e Cia" que resolveu se "auto" excluir para visitas.

Como ambos retratam bem os meus sentimentos de HOJE,
eu os escolhi para dizer "ATÉ BREVE" à todos vocês:

Vou viajar DE MIM
vou jogar todas as roupas da mala
rasgar papéis
apagar anotações
queimar a agenda
Sofrer.
Sofrer completamente.
Até que passe.


beijos e boa terça pra você.