25 de mai. de 2009

Da solidão


(Cecilia Meireles)


“Estarei só.
Não por separada, não por evadida.
Pela natureza de ser só.

(...)

Solidão - dizia: fechava a tarde de mil portas,
andava por essas fortalezas da noite,
como escadas, essas plataformas, essas pedras...
E deitava-se sobre o mar, sobre as florestas,
deitava-me assim - aldeias? cidades?
O sono é um límpido deserto - deitava-me nos ares
onde quer que estivesse deitada.
Deitava-me nessas asas.
Ia para outras solidões.
Se me chamares, responderei, mas serei solidão.
Serei solidão, se me esqueceres ou lembrares.
Qualquer coisa que sintas por mim, eu te retribuirei:
como o eco.
Mas é tu que vens e voltas:
a tua solidão e a minha solidão.”

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