29 de dez. de 2008

O Grito

(Antônio Cícero)


Estou acorrentado a este penhasco
logo eu que roubei o fogo dos céus.
Há muito tempo sei que este penhasco
não existe, como tampouco há um deus
a me punir, mas sigo acorrentado.
Aguardam-me amplos caminhos no mar
e urbes formigantes a sonhar
cruzamentos febris e inopinados.
Você diz “claro” e recomenda um amigo
que parcela pacotes de excursões.
Abutres devoram-me as decisões
e uma ponta do fígado mas digo
E daí? Dia desses com um só grito
eu estraçalho todos os grilhões.

2 comentários:

Maria José Speglich disse...

Amei seu blog. Você tem um enorme bom gosto.
Parabéns!

O Sibarita disse...

Belo poema do Antonio Cicero que na realidade é um grito de liberdade...

bjs
O Sibarita