3 de mai. de 2008

Canção do Estranhamento





(Lya Luft)






Baixei as tranças para que viesses,

dei-te a chave para que habitasses

os meus quartos mais secretos.

Mas de repente vejo-te na praia

buscando um horizonte diferente

que nem eu antes disso pressentia.

Quero deixar-te ir,sem desprender-me

de tudo isso que sou e desejaste,

e me dói,e me espanta e me remorde

abrir a mão para o teu sonho alado

sem te cobrar ternuras nem cuidados

com o que conquistaste e já não queres,

que te libertaria mas te algema

e que te inquieta agora,com desejos

de correr,de voar,de estar ausente.



Quero ser o que ainda ontem fomos,

quero ter o que nós dois tivemos,

quero que a realidade se recolha

e permaneça,entre nós a fantasia.


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Tudo está diferente.
Os cheiros da estação, o humor, a voz sem resposta,
a mão estendida sem outra à espera,
o corpo e o coração apático,
o frio que se entranha nas paredes,
no chão e na alma.
Tudo meio morto,sem graça.
Tenho que fechar a porta.

"Encarar a realidade é um modo de morrer.Mas sem isso não haverá renascimento."(Lya Luft)

2 comentários:

O Sibarita disse...

Ei dona menina o poema é perfeito, aliás, como tudo de Lya Luft.

Há um porém: Oi fia se alegre, essas coisas do coração nos fazem por vezes evidenciarmos momentos reflexão e a eterna pergunta que não cala: Vale a pena?

Tem tantos horizontes novos ao seu olhar... pare, perceba!

Obrigado pela bondosas palavras no Sibarita, volte sempre...

email: sibarita@terra.com.br

bjs
O Sibarita

Lucia disse...

Menina, menina...

Como disse o nosso amigo siba, fecha a porta e segue em frente. Sei que não é fácil, mas o corredor é longo e vc linda demais para ficar parada em frente a uma mesma porta.
Beijos, minha amiga querida