14 de abr. de 2008

Retrato em Luar

(Cecilia Meirelles)


Meus olhos ficam neste parque,
minhas mãos no musgo dos muros,
para o que um dia vier buscar-me,
entre pensamentos futuros.

Não quero pronunciar teu nome,
que a voz é o apelido do vento,
e os graus da esfera me consomem
toda, no mais simples momento.

São mais duráveis a hera, as malvas,
que a minha face deste instante.
Mas posso deixá-la em palavras,
gravada num tempo constante.

Nunca tive os olhos tão claros
e o sorriso em tanta loucura.
Sinto-me toda igual às àrvores;
solitária, perfeita e pura.

Aqui estão meus olhos nas flores,
meus braços ao longo dos ramos:
e, no vago rumor das fontes,
uma voz de amor que sonhamos.

Um comentário:

O Sibarita disse...

Ô Dona menina! kkk

O que falar da Cecilia e seus poemas? Vem cá fia, você quer me botar no esparro, é? kkkk Só digo que a Cecilia é o máximo e esse poema então... Hummm! kkk

Você pelo visto sabe garimpar as coisas boas, é isso...

Ô muié Retada meu Deus! kkk

bjs
O Sibarita